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Fig 5 |
Um ciclo de quatro dados como (A, B, C,
D) atrás considerado diz-se não-transitivo. E é
natural agora levantar a questão de saber se haveria outras escolhas
possíveis para os números de pintas nas faces dos seis
dados, escolhas essas que fossem igualmente adequadas para pôr
em evidência esta inesperada propriedade. Se quisermos escolher
quatro dados de forma a que, tal como acontece naqueles dados, nunca
haja empate em qualquer das jogadas entre dois deles, teremos de os
escolher de modo a que nenhuma face de cada um deles tenha o mesmo número
de pintas de qualquer face do outro. Ora, se permitirmos de 0 a 6 pintas,
estas sete possibilidades não chegam para que todos os quatro
dados tenham dois tipos de faces (4x2=8>7 alternativas), portanto
pelo menos um dado terá necessariamente todas as faces com o
mesmo número de pintas. Usando um programa feito no Mathematica
com esse propósito, selecionámos todos os ciclos não-transitivos,
isto é, em que as probabilidades de cada dado ganhar ao seguinte
são todas maiores do que 1/2. Encontrámos 37 ciclos não-transitivos,
dos quais os 12 primeiros estão representados na figura 5.
Calculando, para cada ciclo, o mínimo
das probabilidades referidas, todas elas maiores do que 1/2, obtivemos
para esses mínimos apenas três valores: 5/9, 7/12 e 2/3,
mas apenas um ciclo, o indicado acima, tem mínimo 2/3, que é
o valor (comum) da probabilidade de cada dado ganhar ao seguinte no
ciclo. Dos restantes 36 ciclos, três (do 2.º ao 4.º,
na figura) têm 7/12 como probabilidade mínima e 33 têm
5/9. Ora, 5/9 é muito próximo de 1/2, isto é, a
probabilidade de um dado ganhar ao outro é só ligeiramente
maior do que a de perder. E essa pequena diferença torna a escolha
desinteressante: com um pequeno número de jogadas, não
se consegue pôr em evidência de modo significativo a diferença
entre os resultados dos dois dados. Além disso, um ciclo que
corresponda a 7/12, embora em grau ligeiramente menor do que no caso
5/9, também tem um inconveniente análogo e não
é uma boa escolha. Em conclusão: o ciclo da “Matemática
Viva” era a única escolha ótima! |