Quadrado
Seja
um quadrado,
a medida da sua diagonal e
a medida do seu lado. Suponhamos que as duas grandezas são comensuráveis,
isto é,
e
para alguma medida comum
e para alguns números inteiros positivos
e
.
Marcamos
o ponto
na diagonal
tal que
e o ponto
no lado
tal que
.
Como
,
o triângulo
é isósceles e, como
,
temos
.
Como
e
,
vem
,
pelo que
é isósceles, com
.
Como
e
são triângulos rectângulos com a mesma hipotenusa e com um dos
catetos igual (
),
pelo teorema de Pitágoras o outro cateto também é igual,
.
Construindo
o ponto ,
ponto de intersecção da recta paralela a
e que passa no ponto
com a recta paralela a
e que passa no ponto
,
obtemos um novo quadrado
.
Designando por
a medida da sua diagonal e
a medida do seu lado, temos:
Como
e
,
temos:
onde
e
são dois números inteiros positivos, com
.
De facto,
,
o que é absurdo uma vez que a diagonal de qualquer quadrado é sempre
maior do que o seu lado.
Procedendo
da mesma forma com o quadrado ,
vamos obter um novo quadrado cuja diagonal é
e cujo lado é
,
sendo que
e
são dois números inteiros positivos, com
.
Uma vez que podemos continuar indefinidamente a construir novos quadrados, vamos obter uma sucessão estritamente decrescente de números inteiros positivos:
tal que
o que é absurdo, dado que não pode haver uma infinidade de números
inteiros positivos distintos menores do que
(de facto, existem exactamente
elementos:
,
,
,...,
,
e
).
Logo, a diagonal e o lado de
são grandezas incomensuráveis.