Pedro Nunes e a curva loxodrómica

Na época dos Descobrimentos, as rotas comerciais, principalmente as rotas das especiarias, desempenhavam um papel crucial no desenvolvimento económico de um país. Impulsionados pela procura de uma rota alternativa às conhecidas na altura e pela situação geográfica do país, os portugueses empreenderam um conjunto de viagens e explorações marítimas que deram início à Era dos Descobrimentos europeus (do século XV até ao século XVII). Foi nesse contexto de grande investimento que os portugueses deram um enorme contributo ao desenvolvimento da navegação, tendo adquirido, na época, o estatuto de ciência. Foram vários os investigadores portugueses que se dedicaram à Cartografia, Astronomia e Ciência Náutica, dos quais se destaca Pedro Nunes (1502-1578).

Em 1537, Pedro Nunes publicou dois tratados sobre alguns problemas relacionados com certas rotas de navegação que mantêm o percurso do navio num rumo constante intersectando todos os meridianos segundo o mesmo ângulo. Esses percursos determinam um tipo de curva, conhecida por curva loxodrómica e não um círculo máximo que é a curva na esfera que minimiza a distância entre dois pontos.

Pedro Nunes sugeria que o barco devesse procurar seguir o rumo de um círculo máximo, efectuando as necessárias correcções a intervalos de tempo regulares para contrariar o efeito da curva loxodrómica. Para tal, o matemático português propôs um método matemático que foi alvo de duras críticas pela sua difícil aplicabilidade em alto mar naquela época.

Acerca dessa controvérsia, Nunes escreveu: "Dizem mal de meus tratados aproveitando-se deles e usando muitas vezes de minhas próprias palavras, e querendo falar em tudo danam tudo. Tenho determinado por esta razão, acabando de alimpar algumas obras que escrevi, passar meus estudos à filosofia, e a largar-lhes as matemáticas, no estudo das quais perdi a saúde irremediavelmente." (Randles, 1989 [1])